sexta-feira, 3 de maio de 2013

Paredes de Coura "Terra Amada"

O que une Toronto, Brisbane, Nuremberga, Newark, Luanda e Lisboa? A origem comum de alguns dos seus cidadãos: Paredes de Coura. E como se reencontraram vivendo em latitudes tão diferentes? Na comunidade virtual Paredes de Coura Terra Amada, um grupo do Facebook.
“A grande família” como já lhe chamam alguns surgiu duma ideia luminosa de Flávio Rodrigues, neto do conhecido Sr. Albano de Castanheira (o músico) que em boa hora a colocou em prática coadjuvado por alguns assistentes designados administradores. Estes, mais não são do que zeladores do espaço que é de todos os que nele se inscreveram. Nesta comunidade pratica-se uma democracia plena: não há hierarquias ou classes sociais e todos têm o direito de fazer publicações sobre Paredes de Coura. Existem algumas regras de participação que assentam no bom senso, no respeito por todos os facebookianos e não se comenta política nem futebol. Pretende-se com isto apenas salvaguardar o espírito do grupo e impedir abusos ou colocação de informações fora do contexto do Grupo. Os objetivos deste grupo são a divulgação do Património das Terras de Coura e o reencontro e confraternização entre os Courenses. Os participantes podem colocar os seus vídeos, fotos e comentários, seguem-se as discussões sempre muito animadas com recurso a memória fotográfica, recortes de jornais e testemunhos de pessoas mais velhas.
Recordamos as figuras típicas da terra como o Sr. Zé Nogueira, o Sr. Zé Carvalho, o Sr. João de S. Bento, o Sr. Eduardo da Farmácia, o Sr. Zezinho do Circo ou o Sr. Berto Pires e outros, figuras estimadas e grandes mulheres como a famosa Mila das Vacas que singrou num mundo predominantemente masculino, a D. Quitéria ou a D. Maria Cândida que fizeram parte da vivência social desta Terra e também alguns amigos precocemente falecidos como o Mingos, o Ginho ou o saudoso Rui Martins. Algumas profissões foram destacadas como os moleiros, carpinteiros de excelência como os Inocêncios, canteiros, tamanqueiros ou tintureiros como o Sr. Narciso Vieira. Não foram esquecidos os empresários Heitor Alves e Bernardo Chouzal.
Tem sido apresentado o pitoresco já desaparecido ou transformado relatando episódios da vida courense. A lavoura tem um lugar importante: as lavradas, sachadas, semeadas, desfolhadas e as vindimas já foram apresentadas ao longo destes dois meses. Abordamos outros Courenses, que não tendo nascido em Coura o são por adoção, como o Vassalo Abreu, funcionário das Finanças e atualmente autarca na Ponte da Barca, recordando a sua passagem pelo S. C. Courense como treinador, primeiro dos juniores e depois dos seniores. Assistimos à visita das velhas guardas do FC Porto ao antigo Campo do Testo, tendo como embaixadores o Sr. António Pi e o Sr. Tone Zé da Farmácia e também foram publicadas imagens da inauguração do Campo do S. C. Courense. O Padre Abreu, o Padre António, fotos de comunhões, casamentos, batizados e compasso Pascal. Não esquecendo as Festas do Concelho e as Festas por todo o Concelho especialmente no mês de Agosto onde se reúnem muitos Courenses de férias que regressam dos quatro cantos do mundo. O Dia do Corpo de Deus e o longo tapete florido, multicolor, que alcatifa a procissão nas ruas da Vila. Outras romarias emblemáticas em Coura, como as Festas de S. Martinho, a Srª do Livramento, a Srª da Pena e o S. Bento da Porta Aberta. Na velha tradição de levar o farnel para a festa foram lembradas as iguarias como o Bolo do Tacho, a Truta do Rio Coura, o Bacalhau à Miquelina, a vasta doçaria e o sempre requisitado Vinho da Marnota.
Assistimos também a reencontros emocionantes de primos que nunca se viram, uns no Canadá, outros na Austrália, nem sabiam da existência uns dos outros e neste Grupo perceberam que eram da mesma família.
As imagens da Casa do Outeiro, em Agualonga ou da Casa Grande de Romarigães, imortalizada na obra do prosador maior Aquilino ou as imagens do seu sogro em Mantelães, antigo Presidente da República são autênticas relíquias históricas. Especulamos sobre os negócios do fundador do Município, no Paraguai, informação transmitida pelo eminente Professor José Hermano Saraiva no seu Programa Televisivo que relativo a Paredes de Coura teve o título de “O Último Paraíso”. Está documentada a forma como evoluiu a Vila, as ruas, as casas mais antigas que foram demolidas e as que foram construídas. Há fotografias de várias épocas retratando o enorme desenvolvimento urbanístico que sofreu.


As belezas naturais na Valsa, na Boalhosa, no Taboão e nas Penizes ou os garranos à solta no Corno de Bico são retratos que emocionam. Recantos escondidos em Reirigo ou em Chavião, umas alminhas aqui, um nicho escondido acolá, por detrás dumas heras encontramos um pormenor duma casa em cantaria fina esculpida por mãos calejadas e habilidosas.
Há uma alusão especial ao Festival de Paredes de Coura. Sem dúvida o evento que se tornou no maior divulgador de Coura em Portugal e no Mundo invadindo os meios de comunicação social. Foram publicadas dezenas de fotos com os campos, antes verdes, agora matizados pelas tendas nas duas margens do rio.
 Este Grupo ultrapassou já a fasquia dos 3000 seguidores. No dia em que escrevo estas linhas já são 3208. É muita gente, gente Courense que tem conta no Facebook. Pretendemos publicar o valioso espólio já registado. Contamos aumentar a participação de todas as freguesias, especialmente as mais distantes da Sede do Concelho, como Vascões, Porreiras, Insalde, Romarigães e Rubiães. Foram já publicadas milhares de fotos, algumas delas muito raras que fazem parte da nossa história comum. Como resultado da enorme dinâmica criada, surgiu a ideia para um convívio de internautas. Essa ideia vai-se materializar no próximo mês de Agosto no Monte da Irijó. O evento a realizar a 10 de Agosto será apadrinhado pela Associação de Formariz que prestará toda a colaboração e está aberto a todos os Courenses.

Publicado em "Noticias de Coura", no dia 30 de Abril de 2013